logo-mundo-de-parentalidade

Maternidade: Tempo de avançar ou recuar?

Para avançarmos para uma melhor versão de nós, novas responsabilidades, novas formas de amar precisamos de olhar para trás, para a nossa própria história.

 

Quando somos pais descobrimos que é tempo de avançar.

Avançar para uma melhor versão de nós, avançar para novas responsabilidades, avançar para uma nova forma de amar.

Quando somos pais deparamo-nos com uma nova adolescência, um novo impulso para crescer, amadurecer, descobrir quem somos. Sem dúvida um novo tempo de avançar.

O problema é que mais cedo ou mais tarde a maioria dos pais acaba por se deparar com um paradoxo: o tempo que deveria ser de avançar parece mais de recuar.

O tempo que deveria ser de caminhar em direção a uma nova felicidade e realização pessoal parece mais um tempo de queda em direção a um precipício sem fim ou um novo tipo de pesadelo.

Aparecem então as questões:

O que se passa comigo? Porque não consigo ter paciência? Porque passo a vida a gritar quando o que mais desejo é paz e harmonia familiar?

Que se passa com os meus filhos? Porque é que eles não se comportam como as outras crianças? Quando é que perdi o controlo da situação?

São incontáveis as questões que surgem na mente dos pais e mães atuais que sentem o impulso de avançar, a vontade de fazer melhor e simultaneamente, como por mão de um Deus perverso ou karma de uma outra vida, o surgimento de mil obstáculos a esse mesmo avanço.

Tempo de avançar: E se para avançar for primeiro preciso recuar?

O que se passa então?

São todos estes pais criações imperfeitas do universo ou existirá algo mais? Qual o denominador comum? Qual a dinâmica escondida que causa tanto sofrimento?

O facto de que o tempo de avançar é realmente um tempo de recuar.

Para avançar precisamos de olhar para trás. Ou como disse Winston Churchill:

 

“The longer you can look back, the farther you can look forward”.

Já há muito que sabemos que a história se repete quando não nos recordamos dela.

O mesmo se passa na maternidade e paternidade.

Para avançarmos para uma melhor versão de nós, novas responsabilidades, novas formas de amar precisamos de olhar para trás, para a nossa própria história.

Pois é na nossa história pessoal que encontramos o que nos faz gritar, o que nos tira a paciência, o que nos rouba dos prazeres da parentalidade.

É a nossa história e não o comportamento dos nossos filhos que nos faz sentir o medo, a impotência, a raiva que descarregamos em cima de quem mais amamos.

E é igualmente na nossa história que percebemos porque é mais fácil culpar ou atribuir problemas comportamentais aos nossos filhos do assumir a nossa responsabilidade em muitas das manifestações que odiamos neles.

Porque foi exatamente isso que fizeram connosco os nossos pais.

O tempo de avançar começa por um recuo, um recuo ao interior de nós e à raiz dos nossos comportamentos, crenças e até sentimentos.

Um recuo até há formação de quem somos neste mundo, do que nos define, do que determina as nossas escolhas.

Só quando conhecermos o que em nós despoleta um dado comportamento ou reação, quais os sentimentos, quais as sensações, quais as crenças que nos movem tipo piloto automático e questionarmos a validade de cada um separadamente, podemos ser livres de escolher quem realmente queremos ser.

Só nessa altura assumiremos de verdade o volante da nossa vida em vez de gritarmos direções do lado do passageiro, tão desesperadas como ignoradas pelo nosso piloto automático.

E aí sim, é tempo de avançar.

 

Share this article

Deixe um comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *