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Quando ser mãe parece um pesadelo

 

Porque é que nunca ninguém nos avisa que ser mãe também é um pesadelo?

Foi muito o que me disseram sobre ser mãe, de bom e de mau, mas nunca ninguém me avisou o pesadelo que podia ser.

Neste momento são incomparavelmente mais os dias bons do que os maus, mas lembro-me de aos seis meses de vida da minha filha sentir que tinha que haver algo de muito errado comigo ou com ela pois não sentia qualquer alegria com a maternidade.

Não, não existe nada de errado comigo ou com ela. Nenhuma de nós nasceu defeituosa, fraca ou problemática. Simplesmente nascemos com um traço temperamental muito particular: somos Altamente Sensíveis. E eu não tinha qualquer consciência disso.

Quer eu quer a minha filha sentimos o mundo de forma bem diferente da grande maioria das mães e filhos, e isso torna a maternidade mais difícil. E muito mais valiosa uma vez apanhado o jeito.

Quer eu quer a minha filha sentimos mais, seja mais tristeza, mais cansaço, mais incompetência, mais culpa, mais vergonha, mais solidão. Mas também mais carinho, mais gratidão, mais curiosidade em compreender o mundo e as pessoas, mais empatia por quem sofre e mais alegria nos pequenos bons momentos.

 

Sem dúvida que a vida nos parece demasiado rápida, como que um constante carro de corrida do qual estamos sempre prestes a cair. Mas quando conseguimos ter um momento de descanso maravilhamo-nos com a beleza do Mundo. As lágrimas de tristeza e frustração que choramos ou reprimimos são rios que se transformam em mares. Mas as lágrimas de comoção também são fáceis, deliciosas e jubilares.

É o pôr-do-sol de um dia complicado, a canção que toca o coração, o livro que nos aquece a alma, o sorriso de uma criança deliciada num gelado, o casal de idosos que caminha de mão dada, o cão que nos saúda à chegada, o gato que se enrola no nosso colo, o canto do pássaro à distância e a brisa do mar no nosso rosto.

É o olhar apaixonado daquele que também amamos, o beijo e o abraço indescritíveis de um filho, o companheirismo de um amigo, o prazer de realizar um trabalho que nos preenche a alma e o debate intelectual com alguém que, finalmente, parece falar a nossa língua.

Ser altamente sensível implica que precisamos de muito mais tempo que os outros, mais tempo para pensar, para processar, para fazer algo e, principalmente, para nós próprios. E isso torna a maternidade difícil. Principalmente quando o nosso filho também é sensível e precisa de mais tempo e ajuda para compreender e se adaptar ao seu fabuloso mundo novo.

Mas quando percebemos quem somos e encontramos o equilíbrio, então a vida é uma realidade com que nunca nos atrevemos sequer a sonhar!

 

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