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Parentalidade: do Paradigma Dominante até ao Paradigma Consciente

 

No momento atual, um pouco por todo o mundo, estamos a assistir a uma mudança na forma como educamos os nossos filhos.

Na realidade educar não é o verbo que melhor se aplica a esta transformação, o que realmente está a ocorrer é uma metamorfose da forma como olhamos para as nossas crianças, como as percecionamos, como as orientamos e como nos relacionamos com elas.

Assim, um pouco por todo o mundo, estamos a assistir a uma mudança de paradigma na forma como criamos os nossos filhos: estamos, finalmente, a libertarmo-nos do Paradigma Dominante e a embarcar no Paradigma da Parentalidade Consciente ou Pacífica.   

O que é o Paradigma Dominante?

No Paradigma Dominante o foco está no controlo do comportamento.

Os pais sabem sempre o que é melhor para os seus filhos e o seu principal papel é o de disciplinadores.

O amor dos pais pelos filhos é um bem condicional, passível de ser oferecido e retirado conforme o entendimento dos primeiros sobre a forma de atuar dos segundos.

Neste paradigma, que traduz a forma tradicional de educar, o choro, as birras e outras manifestações de emoções fortes são consideradas inapropriadas e devem ser sempre reprimidas e/ou ignoradas. O mimo e a atenção em demasia estragam as crianças e conferem-lhes o poder de nos manipular.

Os pais, consciente ou inconscientemente, norteiam os comportamentos dos filhos fazendo uso do seu poder e utilizando ferramentas como o medo, a culpa, a vergonha e a manipulação (castigos e recompensas).

O mau comportamento é punido e o bom comportamento é premiado.

No primeiro são usados diversos tipos de castigos, que podem ir das admoestações corporais (felizmente cada vez menos frequentes) ao uso do time-out (muito em voga na atualidade) e passando pela supressão de privilégios, como o telemóvel ou a possibilidade de ver televisão.

No segundo são usados quadros com estrelas, vistos e cruzes ou autocolantes diversos, assim como ofertas de brinquedos, guloseimas e/ou outros prémios. As ameaças e os subornos também são instrumentos válidos, embora muitos pais nem se apercebam que os estão a utilizar.

Assim sendo, no âmbito do Paradigma Dominante, as regras estabelecidas pelos pais são para serem obedecidas sem serem questionadas e todas as atitudes parentais são justificáveis à luz da correcção, modificação, orientação da forma de atuar dos filhos.

 

O Paradigma da Parentalidade Consciente ou Pacífica

No Paradigma da Parentalidade Consciente o foco está na relação e não no comportamento.

O amor é dado incondicionalmente e é verificado que as crianças assim o entendam. Ou seja, não interessa o que os pais pensam que fazem, o que realmente importa é a forma como os filhos percecionam que são amados.

Neste Paradigma os adultos de amanhã são merecedores de serem criados livres de medo, culpa, vergonha, castigos corporais e de manipulações.

Temer os progenitores é prejudicial para o bom desenvolvimento de qualquer ser humano. As crianças nascem confiantes, amáveis, amorosas, cooperantes, capazes de seguir a liderança e o exemplo daqueles que percecionam como seus protetores. Os adultos nunca se devem esquecer disso e o seu papel é o de encorajar e facilitar o desabrochar destas qualidades.

Os pais são protetores dos filhos, oferecendo apoio enquanto trabalham com eles, e não contra eles. Os pais são o porto seguro onde os filhos se abrigam das tempestades da sociedade e cultura atuais. E não parte das exigências destas últimas.

O choro, as birras e outras manifestações de emoções fortes são entendidas, pelos progenitores como sentimentos que não estão a ser respeitados e/ou necessidades que não estão a ser satisfeitas, pelo que o foco está na identificação e aceitação desses sentimentos/necessidades (quer se escolha satisfazê-los ou não) e não na correção do comportamento.

O Paradigma da Parentalidade Consciente defende que através de uma escuta cuidada, da empatia e de um discurso carinhoso as crianças são orientadas no sentido de descobrirem formas saudáveis e respeitadoras de expressarem os seus sentimentos e necessidades e de resolverem os seus problemas. Desta forma, os pais promovem o desenvolvimento da inteligência emocional dos filhos.

O Paradigma da Parentalidade Consciente constitui uma prática, um processo, um entendimento, movido não por resultados imediatos ou pela necessidade de os pais se sentirem em controlo, mas sim pela compreensão de que só quando imersas no amor incondicional as crianças aprendem a autorregularem-se.

Este texto foi adaptado do Jai Institute for Parenting: Parent Coach Training Program

PS – Leia também o meu artigo relacionado com o título Cuidado com os especialistas de parentalidade para entender melhor a minha visão sobre este assunto.

 

 

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