
O que é que queres? Tens a certeza que o sabes?
Quando os medos são imensos, os condicionalismos do passado dão as cartas da nossa existência e nós criamos toda uma maneira de ser e estar cujo único objetivo é evitar o que acreditamos ser perigoso sentir, experienciar… viver.
O que é que queres? Parece uma pergunta fácil de responder, mas acreditem que não é.
O que é que queres para a tua vida? O que é que queres de um relacionamento? O que é que queres para os teus filhos?
Mal escutamos as perguntas surgem, logo, mil cenários, pelo que é difícil compreender como é que pode ser difícil responder-lhes. Mas é.
Muitas vezes nós pensamos que queremos algo, acreditamos que queremos algo, julgamos passar a vida a lutar por isso e frustramos a cada esquina com o quão difícil é consegui-lo… mas a verdade é que a dificuldade é apenas uma: não é realmente isso que nós queremos.
Quando fiquei desempregada eu decidi enveredar por uma nova carreira. Na sua prossecução eu queria ganhar dinheiro o mais rápido possível. Eu queria voltar a ser financeiramente independente, eu queria ser autossuficiente, eu precisava disso… e essa era a minha prioridade… e foi aqui que eu me equivoquei!
O meu ego queria ganhar dinheiro o mais rápido possível, provar a mim e ao mundo que eu era capaz, que estava tudo bem, que eu sabia o que estava a fazer. O meu ego, protetor de uma menina ferida e assustada, queria segurança.
Mas a minha verdadeira natureza queria algo bem diferente. O meu verdadeiro ser tinha outras prioridades. A menina não condicionada em mim queria conhecer-se, queria sair da caverna escura que a mantinha segura e explorar o mundo, queria perguntar “porquê?” mil vezes e explorar o universo como nunca antes o tinha realizado.
Claro que eu queria ganhar dinheiro, claro que eu almejo voltar a ser financeiramente independente… mas é essa a minha prioridade?
Eu gostava que fosse, mas a verdade é que não é. O meu ego e a minha verdadeira natureza travam a batalha de uma vida, e está na hora de escutar a segunda. É uma escolha difícil… mas é o caminho da verdadeira maturidade… e felicidade!
Sei-o porque já o iniciei há algum tempo, já enfrentei os piores demónios… e já vejo a luz ao fim do túnel.
Se no fim volto a ser financeiramente independente? Acredito que sim, mas porque esse desejo também faz parte de quem eu realmente sou, e não porque o meu ego quer segurança e validação externa.
Mas se aceitar tal verdade foi difícil, mais complicado ainda foi reconhecê-la.
Quando os medos são imensos, os condicionalismos do passado dão as cartas da nossa existência e nós criamos toda uma maneira de ser e estar cujo único objetivo é evitar o que acreditamos ser perigoso sentir, experienciar… viver.
Mas a beleza do ser humano é que a nossa verdadeira natureza nunca se apaga, nunca desaparece, nunca é aniquilada… e espreita a cada oportunidade, e tenta renascer a cada baixa das nossas defesas. Viver não é difícil, o que custa o mundo a carregar são as muralhas que erguemos para nos protegermos do que erradamente percepcionamos como perigoso, o que torna a vida insuportável são as exigências do nosso ego… não os desejos de quem realmente somos.
Nunca se perguntaram como é que determinadas pessoas experienciam tantas dificuldades e, no entanto, parecem não carregar nenhum fardo?
Qual é o segredo daqueles que realmente sabem viver neste mundo disfuncional? São comandados pelos desejos da sua verdadeira natureza, sabem escutá-la e respeitá-la, e, como tal, sabem como realmente ser felizes.
Por isso, atrevo-me a perguntar-te: O que é que queres? O que é que queres para a tua vida? O que é que queres dos teus relacionamentos? O que é que queres para os teus filhos? Consegues defini-lo com base na tua verdadeira natureza? Ou é o teu ego que comanda as tropas?