
Quem sou eu para o meu filho?
Muito se fala e escreve sobre como ser pai. Mas o que raramente se diz é que o verdadeiro segredo está no contexto. E o contexto é a relação que estabelecemos com os nossos filhos.
“Quem sou eu para o meu filho?”
Esta é a pergunta que devemos colocar a nós próprios.
“Eu sou a resposta, mesmo quando não tenho respostas.”
Esta é a solução.
E este é o entendimento que me demorou anos a perceber e que mudou drasticamente o meu papel de mãe. Não só a forma como eu me sentia a realizá-lo, mas também os resultados que obtinha.
Passei a sentir-me competente e capaz onde antes me sentia uma fraude e uma falhada. E o comportamento da minha filha traduziu as mudanças que haviam ocorrido na minha postura. Sim, porque as crianças cooperam connosco e tentam fazer melhor por nós só porque estamos na posição certa, sem necessidade de qualquer truque ou técnica de mudança de comportamento. E até mesmo quando esse não é o nosso objetivo principal.
Mas o que é “Ser a Resposta”? É uma maneira de estar, uma postura instintiva, e como tal difícil de explicar por palavras.
Gordon Neufeld chama-lhe ser Alpha e Leslie Potter Emocionalmente Seguro.
Ser a Resposta, sentir que somos a resposta dos nossos filhos, é um estado de espírito, uma confiança intuitiva, que encontramos dentro de nós. É sentir que somos suficientes mesmo quando não temos respostas. É intuir que mais importante do que o que fazemos é quem somos naquele momento.
É ser líder dos nossos descendentes, mas um líder atencioso e carinhoso, que não tem medo de estabelecer os seus limites ao mesmo tempo que salvaguarda a primazia da relação.
Ser Alpha ou Emocionalmente Seguro não é nada fácil de perceber quando não o somos, e muitos de nós são-no sem saber.
Mas eu não era. E precisei de me encontrar.
Lembro-me de quando aprendi, com a Parentalidade Consciente, a importância de ser empática com os sentimentos da minha filha. Percebi o conceito mas debati-me com a sua realização prática. Pedi instruções sobre como o fazer. E tentei segui-las sem resultados.
O que eu não sabia é que a empatia é natural quando sentimos ser a resposta. E quando não, é percecionada como falsa pelos nossos pequenos mestres. A empatia não pode ser aprendida, é simplesmente sentida. E se se debate com ela talvez esteja na hora de ir mais fundo e perceber se se sente a resposta para os seus filhos ou se move o mundo na procura de respostas.
Já alguma vez viu o filme “A Vida é Bela” de Roberto Benigni? É o perfeito exemplo de um pai a ser alpha ou emocionalmente seguro, até no mais inóspito dos cenários. E de como até no meio dos campos nazis basta um pai para proteger um filho do trauma.