
O que fazer quando não entende o seu filho
Uma das situações mais aflitivas para uma mãe é quando percebe que não consegue entender o filho. E na sociedade atual esta é uma realidade que atinge cada vez mais lares.
Por vezes surge logo após o nascimento, por vezes só na idade pré-escolar e, em alguns casos, só mesmo na adolescência. Mas praticamente todos os pais passam por lá.
“Não entendo o meu filho” é uma das frases que mais escuto nos meus acompanhamentos de mães desesperadas, “não percebo o que se passa, não sei o que fazer, não sei ser mãe.”
Eu senti-o na pele ainda no hospital, com uma recém-nascida que chorava sem parar e eu sem fazer a mínima ideia de como a ajudar.
E você? Já alguma vez experimentou tal sensação? Algum dia se sentiu perdido e sem perceber o seu filho? Sem saber o que fazer para o auxiliar? Se sim continue a ler pois vai ficar surpreendido com a solução.
O que provavelmente fez ou faz é o mesmo que eu escolhi realizar durante muito tempo: procurar as respostas para o comportamento da minha filha em livros, cursos, palestras ou aconselhamento especializado. Eu procurava alguém que me auxiliasse, algo que me explicasse o seu comportamento, uma teoria que finalmente me fizesse tudo compreender.
Eu olhava para fora, para os outros, na minha procura de respostas. E o que descobri é que procurava no sítio errado. Mais, eu finalmente percebi que a frase que utilizava e a pergunta que colocava não só não eram as corretas como me condenavam, logo à partida, ao insucesso.
Qual é então o caminho para entendermos os nossos filhos?
Deixarmos de nos focarmos neles e olharmos para nós próprios.
Agora, quando alguém me diz “não entendo o meu filho” a minha resposta é simples: do que duvidas em ti próprio?
Confuso? É natural, não é algo a que estejamos habituados. Mas não desista ainda, continue a ler, permita-me apresentar-lhe um mundo novo.
Há um fenómeno na parentalidade de que não se fala o suficiente: a sombra dos pais que incorpora nos filhos. Ou, em termos neuro científicos, o poder dos neurónios espelho no cérebro dos nossos descendentes.
No que é que isto se traduz? Numa realidade bem simples. Os filhos vão espelhar o que os pais tentam esconder e renegar. As nossas sombras, aquilo que que não queremos ver em nós, a parte de nós que desprezamos, vai acabar por aparecer nos nossos filhos, sem dó nem piedade, para o bem e para o mal.
E enquanto nós gritamos “não entendo o meu filho”, esquecemos-nos que tudo o que precisamos de fazer é entender-nos a nós próprios. E quanto menos os compreendemos mais precisamos de nos embrenhar numa jornada de auto descoberta.
Permitam-me ser bem clara: Sabe o que mais receia que aconteça a quem mais ama? Quanto mais se sentir obcecado por isso, quanto mais viver os seus dias em função de o prevenir e evitar, mais é provável que se torne realidade.
Enfrentemos os nossos demónios para que assim eles possam morrer em vez de reencarnar no corpo daqueles a quem mais amamos.