
O que levar na Mala da Maternidade: imaterial e essencial
O parto é um dos momentos que mais costuma assustar e captar o interesse dos futuros pais. Realizar uma lista com o que levar na mala da maternidade é algo que todos os gestantes fazem mais cedo ou mais tarde. Acrescente-lhe alguns bens imateriais e proporcione ao seu bebé um melhor nascimento. E a si mesma um parto repleto de sentimentos de segurança, capacidade e poder.
O nascimento de um filho é um momento mágico e assustador, especialmente para as mães e pais de primeira viagem. Nada pode faltar ou ser deixado ao acaso, inclusive a mala a levar para a maternidade.
Durante 9 meses, repletos de expetativas e transformações, são muitas as emoções e dúvidas experienciadas pelos futuros pais. Inúmeros os assuntos a tratar e os pormenores a ter em conta para que nada falta quando finalmente chegar a hora H.
O que colocar na mala da maternidade é, sem dúvida, um tópico incontornável e uma lista em constante debate e mudança. Mesmo quando o filho já não é o primeiro.
Eu pedi opiniões, pesquisei na internet e fiz e desfiz a dita mala vezes sem conta. Mas se hoje fosse ontem e eu soubesse o que agora sei, ter-me-ia preocupado muito menos com a mala material e muito mais com a imaterial.
Os 5 conhecimentos essenciais para qualquer mala de maternidade
1 – O corpo da mulher sabe parir
Este foi um dos conhecimentos que mais me custou a interiorizar. Sempre acreditei que os médicos sabiam melhor que eu e confiar inteiramente no seu juízo e decisões durante a gravidez e parto era algo absolutamente inquestionável para mim.
Se é verdade que eles possuem conhecimentos teóricos e até práticos que nós gestantes desconhecemos, é igualmente inquestionável que ninguém conhece melhor o nosso corpo que nós próprios. Nem o comportamento do nosso bebé ainda por nascer mas já parte de nós há 9 meses.
Não se esqueça, também, que há centenas de anos que as mulheres dão à luz com sucesso. Se é verdade que a mortalidade materna e infantil reduziu drasticamente com passagem dos nascimentos para ambiente hospitalar, também é igualmente verdade que muitos dos problemas que atualmente ocorrem na hora do parto se devem a intervenções excessivas por parte da equipa de saúde que acompanha a parturiente.
Aproveite os 9 meses de gravidez para desfrutar e aprofundar os seus instintos e conhecimentos sobre o seu corpo e o comportamento do seu bebé. Envolva o seu parceiro nesse prazer. E na hora H confie em si mesmo.
2 – Escolha bem quem quer ao seu lado no momento do parto
Muito se debate sobre o papel e importância do companheiro e de uma doula na hora do parto. E até sobre que profissional de saúde acompanhar a gravidez e nascimento: parteira ou obstetra. Tudo isto costuma culminar num questionamento sobre “parto em casa” versus “parto hospitalar”.
Mas não se deixe iludir pela dimensão que a questão pode abranger e aprofunde-a, nem que seja apenas um esgravatar.
Reflita bem sobre quem quer ao seu lado num dos momentos mais vulneráveis da sua vida. Numa das horas em que se sente mais exposta. Este pode e deve ser igualmente uma das experiências mais belas e empoderadas da sua existência. Mas tal depende grandemente da pessoa ou pessoas que escolhe ter a seu lado.
Por exemplo, pode amar muito o seu marido e acreditar que ser pai lhe dá o direito de estar presente no nascimento do vosso filho. Não o questiono de todo. Mas interrogo: sentir-se-á igualmente liberta para gritar, praguejar e defecar livremente com ele ao pé de si? Ou sentirá, nem que inconscientemente, que poderá perder parte do seu respeito se perder a compostura durante o parto?
Se teme que a sua resposta seja a segunda não se assuste. Michel Odent, um prestigiado obstetra francês e figura incontornável no que ao estudo do parto diz respeito, defende que a presença dos companheiros atrasa, para não dizer atrapalha, o evoluir normal do nascimento.
O importante é que se sinta absolutamente segura, apoiada e amada num momento tão mágico como o de dar à luz o seu bebé. Verá que tal fará toda a diferença. E uma escolha consciente de quem quer ao seu lado é incontornável para tal resultado.
3 – Conheça as diferentes fases do trabalho de parto
Muitas mulheres passam uma gravidez inteira e caminham para o momento de dar à luz sem qualquer conhecimento sobre as diferentes fases do parto. Eu incluída, eu me acuso.
Agora que as conheço aconselho vivamente o seu entendimento a qualquer gestante. Muito particularmente aquelas que podem e anseiam por um parto vaginal.
Conhecer as diferentes fases do nascimento, os diferentes momentos e transformações que a mulher experimenta durante o desenrolar do trabalho de parto é de vital importância, quer para ela quer para quem a acompanha nesse momento. Saber o que esperar e o que é normal poupará a todos medos, sustos, preocupações e, inúmeras vezes, intervenções desnecessárias.
Faça a sua pesquisa ou peça informação a quem conhece bem o processo.
4 – Compreenda os procedimentos instrumentais normalmente usados no hospital
Tão importante como perceber as diferentes fases do parto é, na minha opinião, conhecer e entender os procedimentos instrumentais normalmente utilizados no hospital de sua eleição.
Desde a cesariana até à episiotomia, passando pela indução do parto, epidural, corte precoce do cordão umbilical, uso de fórceps ou ventosa, tricotomia ou administração de enema á parturiente, há um sem número de procedimentos que merecem e devem ser questionados.
Sabia que muitos deles não têm qualquer fundamento científico para a sua utilização?
Por exemplo, a posição de litomia é apenas usada para comodidade do obstetra que acompanha o parto, independentemente de ser contra natura e muito mais dolorosa para a parturiente.
Sabia que o recurso à epidural é responsável por um aumento do uso de fórceps ou ventosas? E que muitas mulheres apenas aceitam o seu uso porque têm medo de mais tarde não suportar a dor e então já não a poderem receber? Puro mito e, mais uma vez, questão de comodidade. A epidural pode ser dada inclusive no momento da expulsão.
Informe-se e, se possível, realize um plano de parto. Escolhas conscientes nunca são de mais.
5 – Amamentação
Eis a questão que mais me revolta de todas. Neste ponto, ao contrário de todos os anteriores, não posso dizer que não tenha procurado informar-me. Procurei e bem. Mas encontrei o conhecimento errado. E no meio do caos do nascimento traumático da minha filha, desisti, por confusão e apoio menos preparado.
Mais tarde percebi que todas as mulheres podem amamentar, salvo raras, mas mesmo muito raras exceções.
Eu própria extrai leite com bomba durante 15 meses, chegando a “amamentar” em exclusivo, apesar de todas as indicações contrárias que afirmam que retirar leite ou apenas começar a amamentar dois dias após o nascimento (quando conheci a minha filha) condena a produção de leite.
Se quer amamentar vai amamentar. Não há nada mais natural. Agora convém informar-se, e bem, sobre o que é a amamentação, como amamentar e quais os problemas que podem surgir.
Não que isto seja essencial a uma amamentação bem-sucedida. Numa sociedade em que a amamentação seja a norma, e não a exceção, as mulheres amamentam sem parar sequer para pensar se são capazes de o fazer ou não. Mas cresceram a ver amamentar e ninguém as questiona a toda hora ou aponta problemas sem solução.
Essa não é a sociedade ocidental. Por isso estude a aprenda, para que quando lhe derem conselhos errados ou a questionarem sobre desvios normais à normalidade, saiba eliminar o ruido e confiar em si e na sua intuição.
Faça um workshop aprofundado sobre amamentação e escolha uma Conselheira de Aleitamento Materno em que confie para tirar as suas dúvidas e a apoiar quando todo o mundo parecer querer complicar o que pode ser tão simples.
O parto é um dos momentos que mais costuma assustar e captar o interesse dos futuros pais. Realizar uma lista com o que levar na mala da maternidade é algo que todos os gestantes fazem mais cedo ou mais tarde. Escolhem com cuidado e carinho os itens a lá colocar, nada deixando ao acaso no campo material.
Acrescente-lhe alguns bens imateriais e proporcione ao seu bebé um melhor nascimento. E a si mesma um parto repleto de sentimentos de segurança, capacidade e poder.