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Germes ou Alarme? Porque adoece a minha filha?

Não sei se alguma vez sentiram a vossa vida parada no limbo, sem tempo pessoal, sem possibilidade de trabalhar, sem lazer nem real capacidade de pensar, constantemente limpando narizes, fazendo nebulizações, telefonando ao pediatra, comprando medicação, e quase que pedindo um cartão de sócio no hospital mais próximo.

 

Porque é que a minha filha está sempre doente?

Não sei se alguma vez se depararam com o desespero de ter um filho nos braços, permanentemente doente, e vocês sem saberem mais o que fazer para o ajudar.

Não sei se alguma vez sentiram a vossa vida parada no limbo, sem tempo pessoal, sem possibilidade de trabalhar, sem lazer nem real capacidade de pensar, constantemente limpando narizes, fazendo nebulizações, telefonando ao pediatra, comprando medicação, e quase que pedindo um cartão de sócio no hospital mais próximo.

Não sei se alguma vez se esqueceram do que é dormir sem preocupação, numa cama sem ranho ou vomitado e sem a tosse como barulho de fundo constante.

Eu sei. E se você também o sabe então não lhe devem ser estranhas as perguntas: “Porque é que a minha filha está sempre doente? O que se passa de errado? O que é que me está a escapar?” E nos momentos de maior desespero: “Onde é que eu estou a falhar?”

Sou Farmacêutica de formação e profissão. Exerci numa Farmácia Comunitária durante mais de 15 anos, pelo que acompanhei dezenas, senão centenas de mães desesperadas. E logo no período de estágio, acabadinha de sair da Faculdade, apreendi o que acreditava ser uma verdade inabalável: as crianças ficam doentes no seu primeiro ano de escola PORQUE estão a ganhar defesas.

Algumas adoecem mais, outras menos, dependendo do quanto o seu sistema imunitário tenha sido previamente estimulado. Facto arrumado e consumado. Verdade absoluta, tão incontestável como a abençoada Teoria dos Germes, descoberta por Pasteur e Kock, defensora de que as bactérias e os vírus constituem a principal causa de doença nos seres humanos.

Ou será que não é bem assim? Ou será que há aqui algo de errado?

Em Setembro deste ano a minha filha iniciou a escola. A caminho dos 4 anos sempre tinha sido uma criança saudável, com apenas uma notável exceção nos meses que se seguiram ao seu segundo aniversário. “É a pele atópica a passar para a parte respiratória” explicou-me a minha mente aferradamente racional e bem formada no mundo da Física Newtoniana que acompanha a formação Farmacêutica. Iniciou-se medicação preventiva adequada e tudo passou a correr bem. Sintomas eliminados.

Mas sintomas de quê? O que estava a ser, verdadeiramente, mascarado?

Em Setembro deste ano iniciou a sua ida para a escola. Um mês depois estava internada no Hospital. E, no intermédio, um pesadelo de enfermidades que se entreligavam sem nunca realmente se curarem. Após ter alta ficou em casa 3 semanas, e voltei a vê-la saudável.

Apanhou correntes de ar, diferenças de temperatura e até chuva. Morria de medo a cada nova situação, a cada mudança. Mas ela permanecia saudável. Vinha de um diagnóstico de pneumonia, deparou-se com condições não muito ideais (consequências da vida que nunca para e de uma mãe que nunca acreditou na super proteção) e nunca adoeceu. Voltou à escola. Três dias passados e lá recomeçou o calvário.

Germes ou Alarme: o que está a acontecer?

Ok, por esta altura os meus novos conhecimentos começaram a gritar mais alto que os antigos: O que é que realmente se passa aqui? Isto são germes ou alarme? O que está verdadeiramente a adoecer a minha filha?

A verdade é que dias após a minha princesa ter feito 2 anos fiquei desempregada. Não estava a contar, foi uma surpresa. Mas não parei para pensar ou sentir o que tinha perdido. Tinha um plano.

Após uma gravidez traumática e ano e meio a sentir que não sabia ser mãe, tinha iniciado uma busca desesperada por respostas, por explicações, por algo que me ajudasse a sair de uma vida de puro sofrimento. E tinha começado a perceber que existia um mundo que eu nunca antes havia visitado.

E lembram-se qual foi a “exceção à regra” no que há sólida saúde da minha filha dizia respeito? Lembram-se qual foi o período em que ela esteve doente antes de ir para a escola? Pouco depois de fazer dois anos. Mais precisamente, pouco depois de eu ficar desempregada. Coincidência? Eu quis acreditar que sim. Afinal, até uma consequência abençoada. Já que estava em casa podia ser eu a cuidar dela. Coincidência? Não acredito mais.

E apesar de nessa altura eu estar já a investigar o que agora percebo ser uma explicação para a constante doença da minha princesa, não fui capaz de o ver. Ainda não estava preparada para a dimensão do novo mundo em que tinha acabado de tropeçar.

Mas a minha intuição de mãe, mulher, menina com vínculo inseguro, começou a fazer-me questionar o que me dizia a minha prévia formação académica:

A minha filha ficava doente por causa das mudanças de temperatura? O sistema imunitário tinha mudado o seu foco de reações epidérmicas para reações respiratórias? Com esta idade?

E, já agora, o que é que se passava comigo? De onde é que veio a minha recém desenvolvida Rinite Alérgica? Trabalhara mais de 15 anos num ambiente cheio de vírus e bactérias, com os alérgenos próprios dos ares condicionados e quase sempre em ambientes externos com vegetação abundante. E raramente ficara doente. E nunca sofrera de rinite.

 

E agora, nem um ano após estar em casa, precisava de anti-histamínicos  e corticóides nasais constantes? Mas o que raio é que se passava?

Não percebia. Conseguia antever uma teoria ou duas e sabia bem que os médicos teriam respostas para mim, mas lá no fundo, bem lá no fundo, no âmago do meu verdadeiro ser que começava, então, a escutar, sabia que havia algo que me estava a escapar.

Porque estava eu doente? Porque sofrera a minha princesa episódio a seguir de episódio de enfermidades precisamente quando eu ficara desempregada? Porque estava a escola a afetar de modo tão dramático a sua saúde física? O que é que a ciência convencional não me estava a saber explicar?

Stress, sistemas imunitário e eixo HPA

Na minha busca por respostas deparei-me com inúmeros ensinamentos provindos de campos espirituais e medicinas alternativas. Aqui sim, existiam respostas diferentes, algumas bem coerentes e em ressonância com a minha intuição.

Mas, caramba, há pelo menos 30 anos que me entendia como cientista racional. Lembro-me bem de ainda miúda de primária me questionar secretamente sobre a incoerência entre os ensinamentos da Bíblia para crianças que tinha em casa, que preconizava a origem do homem como uma criação de Deus, e o livro sobre o homem das cavernas, que demonstrava como provínhamos dos macacos. Adivinhem quem ganhou a contenda na minha mente?

E há mais de 20 anos que me declara agnóstica e abandonara a Igreja e qualquer crença espiritual. Ironicamente foi logo a seguir há minha visita a Paris para ver o Papa, no alucinante verão de 1998.

Imbuída de um desejo de acreditar no mundo onde havia vivido durante uma semana, desejosa de pertencer a algo ou alguém, comprei o livro de Carl Sagan assim que o vi na prateleira do supermercado. Com o título Um Mundo Infestado de Demónios certamente que tinha algo para me ensinar. Percebi que não era um livro sobre o Cosmos, mas sim sobre as crenças do mundo da altura (e atual!).

Comecei a lê-lo com avidez. Parei. Choquei. Li e reli passagens sem fim. E outras nunca tive coragem de acabar. Mas uma nova pessoa emergiu da leitura daquele livro. Nunca mais considerei a hipótese de existir fosse o que fosse que a ciência não pudesse explicar.

Pois é, mas o que eu me esqueci com o passar natural do tempo foi do verdadeiro significado de agnóstico: não digo que existe se não tenho provas de tal, mas também não afirmo que não existe pois igualmente ainda não o vi provado. A ciência é limitada, não tem respostas para tudo, e provavelmente nunca vai ter.

Mas estão sempre a surgir novas teorias, novas perceções, novas compreensões do mundo. E novos escritos fantásticos, reveladores e verdadeiramente transformadores.

Este Natal voltei a reler o livro de Bruce Lipton intulado A Biologia da Crença que, trazendo a física quântica para o mundo da biologia celular, explica de forma científica (ou, melhor dizendo, da forma como o meu cérebro perceciona o que é cientifico) como a doença e a saúde dependem de muitos mais fatores que a simples Teoria dos Germes. Pelo menos no qua às doenças infecto contagiosas diz respeito.

Afinal, como é que foi possível que o aferro crítico de Pasteur e Kock não tenha ficado mortalmente doente após ingerir um copo de água repleta de vírus da cólera?!

Mas voltemos à história da minha filha e a misteriosa razão da sua constante doença. Sim, existem vírus e bactérias que a têm infetado e feito um festim no seu corpinho. Mas isto só tem sido possível porque o sistema imunitário dela está, em parte incapacitado.

O seu funcionamento, com a escola, tem estado comprometido, bem longe da sua real capacidade. Porquê? Porque a escola dispara o seu sistema de alarme. O que é isso? O que vulgarmente designamos por stress. Ir à escola causa stress. E o stress (alarme, para ser mais correto) compromete o sistema imunitário.

É a eterna e intrínseca concorrência entre os nossos 2 principais sistemas de protecção. O eixo HPA (Hipotálamo-Pituitária-Adrenal), que entra em ação perante a suspeita de ameaças externas, como quando estamos num novo mundo que não nos parece assim tão seguro. E o sistema imunitário, que nos protege de ameaças originadas debaixo da pele, como aquelas provocadas por vírus e bactérias.

O que é que acontece quando os 2 sistemas são disparados em simultâneo, tal como numa criança que inicia o seu percurso escolar. O primeiro ganha e o segundo passa para segundo plano, demore o tempo que demorar a que o eixo HPA finalmente dê o seu trabalho por terminado. Porquê?

Imagine que se se encontra na selva, bebeu água contaminada e está a vomitar. De repente aparece um leão. O que é mais perigoso, mais potencialmente mortal no momento imediato? A bactéria que o faz vomitar ou o leão que o quer atacar? Então qual sistema de proteção tem que atuar primeiro para o proteger? E qual pode se dar ao luxo de esperar para mais tarde?

Resumindo: as crianças ficam doentes no seu primeiro ano de escola PORQUE estão a lidar com mais alarme do que o que estavam preparadas para enfrentar.

Concluindo: Se quero que a minha filha pare de ficar doente na escola tenho que descobrir uma maneira da sua adaptação a ela ser mais suave. Simples, singularmente simples, como todos os segredos da nossa biologia costumam ser uma vez descodificado o mistério.

 

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