
A Adolescência tardia e a importância da escolha da Profissão
Não me canso de recordar as palavras de Gordon Neufeld, que me dizem que um adulto que tenha percorrido o caminho da individualização é capaz de funcionar em qualquer sociedade, pois será sempre capaz de saber quem é independentemente do que o rodeia. Mas significará isso que é capaz de exercer a profissão que sonha?
Trabalho, profissão. Que termos tão fatalistas, pelo menos assim eu os sinto.
Trabalho, profissão. O que ser? O que fazer para ganhar dinheiro?
Tantas ideias, tantos medos, tantas certezas de falhar.
O que mais me incomoda no viver uma Adolescência tardia é a incerteza do meu trabalho futuro, de não saber bem qual será o meu ganha-pão.
Tenho um sonho e almejo conquistá-lo. Mas a verdade é que são tantos os sonhos, meus e alheios, que vejo ficar pelo caminho, que já nem sei se creio que as ambições se podem tornar realidade.
Por um lado acredito, ou pelo menos quero desesperadamente acreditar, que numa sociedade de adultos que se fizeram prontos para ela através da socialização, quem escolheu acolher a individualização está em vantagem. Como se aqui se aplicasse o provérbio “Em terra de cegos quem tem um olho é rei”.
As dúvidas sobre a escolha da Profissão
Não me canso de recordar as palavras de Gordon Neufeld, que me dizem que um adulto que tenha percorrido o caminho da individualização é capaz de funcionar em qualquer sociedade, de se adaptar a quaisquer regras, pois será sempre capaz de saber quem é independentemente do que o rodeia. Mas significará isso que é capaz de exercer a profissão que sonha?
Não, não me parece que seja assim tão simples. Creio que a vantagem aqui presente é que esse adulto será sempre capaz de se adaptar às circunstâncias que o rodeiam e ser feliz naquilo que faz, independentemente se era isso que almejava realizar no início do seu percurso, independentemente se foi capaz de voar sem impedimentos ou de alguém ou algo lhe ter cortado as asas.
E, como tal, não me parece que tenha já atravessado a ponte da Adolescência, que tenha completado os seus rituais de passagem.
E isso frustra-me e alegra-me em simultâneo. Frustra-me porque me sinto presa a um caminho que nunca mais acaba e do qual é impossível vislumbrar o fim ou o percurso. E alegra-me porque há uma inteligência para essa prisão, uma razão de ser, um propósito maior: eu temperar.
E temperar à pressa nunca correu bem, nunca deu bom sabor ao prato que se almeja cozinhar. E temperar sem usar todos os temperos, nas respetivas quantidades, nunca foi prenúncio de sucesso.
Mas como sei eu qual o tempo e ingredientes certos a usar? Principalmente quando o que está em jogo é o descobrir um novo trabalho, uma nova profissão, uma nova forma de ganhar dinheiro ao mesmo tempo que se vive uma Adolescência tardia?
Não há fórmulas, faculdades e nem sequer experiencias partilhadas. É viver no escuro e simplesmente experimentar. É descobrir um novo prato, experimentando temperos totalmente diferentes e deveras arrojados. E é nunca saber o resultado final. E viver com a única garantia que se há de falhar. E sonhar que um dia havemos de acertar, provavelmente não no que planeamos, mas havemos de acertar.
Só falta saber se tenho tempo…