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Como acontece o desenvolvimento humano? É instintivo ou ensinado?

Se queremos criar adultos felizes, capazes de funcionar na cultura e sociedade contemporânea, resilientes, independentes, bem-sucedidos em termos pessoais e profissionais, só temos que dar tempo ao tempo e remover os impedimentos à realização destes potenciais.

 

Os seres humanos são parte integrante do universo, tal como os planetas, as plantas, os vulcões ou os átomos. São seres naturais, com uma origem que não foi obra sua e um desenvolvimento humano que não obedece à sua vontade.

Neste contexto parece-me bastante pretensioso acreditar que se queremos que os nossos filhos sejam felizes, capazes de funcionar na cultura e sociedade contemporânea, resilientes, independentes, bem-sucedidos em termos pessoais e profissionais, tenhamos que o ensinar, que o originar, que o implementar nas suas mentes.

Todas estas características fazem parte do nosso potencial humano. Todas as crianças possuem a capacidade de lá chegarem, sem qualquer necessidade de ensino.

O desenvolvimento humano é um potencial que se atinge quando as condições do ambiente envolvente o permitem, e não algo passível de ser criado pela vontade.

Qual é o papel dos pais no desenvolvimento humano dos filhos?

É verdade que os pais possuem um papel no desenvolvimento humano dos filhos. Um papel crucial, indispensável e insubstituível. Mas não é o de escultores ou gestores dos filhos. É o de removedores de impedimentos.

Como disse o filósofo Jean-Jacques Rousseau no já longínquo século XVIII:

“Uma das mais importantes responsabilidades dos pais é a de agirem como amortecedores entre as crianças e as expetativas da sociedade.”

 

Não é isso que faz um agricultor? Criar as condições ideais ao desenvolvimento das plantas ao promover proteções contra as condições climatéricas demasiado austeras? Ou será que ele começa a puxar a árvore pelos ramos para que esta cresça mais rápido?

Numa terra ventosa o que faz lavrador perante um ramo que pode quebrar ao vento? Conversa com ele sobre como tem que aprender a ser forte ou coloca-lhe uma estaca (amortecedor) que lhe dá apoio enquanto aguarda que ele se desenvolva e se torne mais robusto e capaz de suportar até as rajadas mais fortes?

É este também o papel dos pais. Serem agricultores dos filhos, estando atentos e removendo os fatores que possam impedir o seu desenvolvimento humano.

Se queremos criar adultos felizes, capazes de funcionar na cultura e sociedade contemporânea, resilientes, independentes, bem-sucedidos em termos pessoais e profissionais, só temos que dar tempo ao tempo e remover os impedimentos à realização destes potenciais.

E olhem que não é nada pouco. Não é tarefa fácil.

Num tempo e cultura onde o que é considerado normal e desejável muito pouco tem a ver com o desenvolvimento saudável de uma criança, defender esse mesmo desenvolvimento contra as expectativas da sociedade é uma tarefa árdua, mal compreendida e facilmente criticada.

Ser, para os nossos filhos, amortecedores das expectativas da sociedade podes ser a tarefa mais difícil que alguma vez realizaremos. E a mais importante.

 

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