logo-mundo-de-parentalidade

Amar. O que é verdadeiramente amar?

Amar. Amar o outro é antes de mais amar-nos a nós próprios. Amar o outro é conhecê-lo nu, não gostar de tudo, odiar até pedaços, mas amar na mesma, amar o todo, o conjunto, até os bocados que gostaríamos de renegar.

 

Amar. O que é verdadeiramente amar? Não sei nem tenho pretensões de saber o que realmente é o amor em teoria, e duvido que alguém alguma vez o saiba com toda a certeza. Mas sei o que é para mim amar, o que acreditava que fosse, o que percebi que não era, o que senti ser para depois me enganar e o que sinto agora ser. Até um dia, ou quem sabe, para todo o sempre.

Amar. Amar alguém é antes de mais amar-nos a nós próprios. Conforme percorro o meu percurso na vida e sinto encontrar-me a mim mesmo, percebo que nunca amei antes de me amar. Acreditava que sim. Acreditava ser capaz de morrer de amor e sentia, mesmo, que havia algo superior que me unia ao homem que havia escolhido para companheiro. Queria termos sido escolhidos para ficarmos juntos por uma força divina e um propósito maior que nós, maior até que a existência humana, que determinara nosso encontro e união.

Estava errada, bem errada. E só não o digo completamente porque continuo a acreditar que existe uma força superior na nossa união, mas essa tem apenas a ver connosco, com nós dois e o nosso crescimento, e não com algo que estamos neste mundo para o mudar. Porque mudei de ideias? Porque passei a amá-lo menos? Porque me desiludi? Não, nada disso. Amo-o mais a cada dia que me descubro, a cada dia que o descubro, belo e feio. Mas aprendi que existem emoções sem nome, sentimentos furtivos e dissimulados, mas cuja função é nos proteger, que se disfarçam de verdadeiro amor. E um dia o Carnaval termina, as máscaras caem por terra, os sentimentos mudam porque não são o que parecem, a morte acontece. E com ela um novo renascimento.

Amar. Não amava no passado. Não sabia quem era, não me conhecia, não me amava a mim própria. Então como podia eu amar alguém? Mas acreditava amar irremediavelmente, amar como Florbela Espanca, porque crer que não amava ou era amada era um luxo a que não me podia dar.

E um dia a máscara caiu, o conhecimento das emoções sem nome foi adquirido e eu fiquei na encruzilhada.

Amar. Amar o outro é antes de mais amar-nos a nós próprios. Amar o outro é conhecê-lo nu, não gostar de tudo, odiar até pedaços, mas amar na mesma, amar o todo, o conjunto, até os bocados que gostaríamos de renegar.

Amar o outro é amar-nos a nós próprios. Conhecermo-nos nus, não gostar de tudo, odiar até pedaços, mas amar na mesma, amar o todo, o conjunto, até os bocados que um dia renegamos.

Amar é nada esperar de quem amamos. Não porque ele não nos possa dar, mas porque se o procuramos no seu olhar é porque não o conseguimos dar a nós mesmos e, como tal, não somos livres para amar.

 

Amar é tudo esperar de quem amamos, acreditar que ele tudo nos quer dar e proporcionar, que a nossa felicidade é o seu bem mais precioso, mesmo quando falha, mesmo quando cai redondo, mesmo quando pouco cumpre do que prometeu. Amar é acreditar nas intenções, até nas que não chegam a bom porto, e sentir sempre que o melhor do outro é suficiente. Se o tentamos mudar, não amamos. Não amamos de verdade. Apenas queremos amar.

Amar é escolher amar, é ser livre de ficar ou sair, de permanecer ou saltar fora, de voar e voltar ao ninho ou nunca mais regressar.

Amar é morrer um pouco, como um prisioneiro que perde sua liberdade, mas sabendo que é nossa opção, nossa escolha, nossa verdadeira intensão.

Amar é antes de mais amar-nos a nós próprios. Pois só quando vemos a nossa essência podemos ver a do outro. Pois só quando respeitamos quem somos, podemos respeitar o outro. Pois só quando nos conhecemos, podemos conhecer o outro.

Pois só quando o nosso amor por nós é suficiente para nos sentirmos felizes, podemos nos entregar completamente e amar perdidamente. Sem, na realidade, nunca nos perdermos de verdade.

Amar é viver em força e vulnerabilidade, sem nada negar. É felicidade e sofrimento, é prazer e dor, é proximidade e distância. E muitas vezes tudo em simultâneo.

Amar, para mim, é escolher amar. É morrer e renascer. É odiar mesmo quando amo. É sentir-me rainha, mulher, amante e menina. Protegida, segura, respeitada e confiante. E saber, num simples olhar, que nada disto ele me pode dar, mas na sua presença e existência é me mais fácil tudo encontrar dentro de mim.

Leia também os posts relacionados:

Os Relacionamentos também possuem passado

O que é que eu quero do meu companheiro?

Os relacionamentos são intrinsecamente perturbadores

 

Share this article

Deixe um comentário

Your email address will not be published. Required fields are marked *