Não sei, ainda lá não cheguei. Primeiro tenho que me perguntar: “O que me impede de oferecer a mim própria amor e aceitação incondicionais? Qual é a história, a interpretação, a fantasia que bloqueia o meu caminho?”

É fácil, é muito fácil. Essa resposta eu sei de cor. É a minha eterna crença de que sou menos do que os outros. Menos capaz, menos mulher, menos mãe, menos filha, menos merecedora de ser amada.

Sou menos, sempre menos, e se tu não o vez é porque eu sou uma bela fraude. Bem, pelo menos nisso não sou menos, bem pelo contrário, sou bem melhor.

Sempre foi assim e por vezes enraiveço a pensar que sempre assim será.

Mas agora eu sei melhor, agora eu conheço-me, agora eu consigo perceber. Agora eu sei de onde venho e que defesas precisei de criar para aqui chegar. Agora eu sei onde falharam meus vínculos e como me recuperar.

Agora eu sei que não sou menos, só sinto que o sou. Agora eu consigo destrinçar, compreender que entre o sentir e o realmente ser há um mundo inteiro de distância.

Mas se hoje o entendo com a minha mente racional, o meu coração ainda tem dificuldades em o aceitar. Mas vai com o tempo. E mesmo a passo de caracol eu sei que hei de lá chegar.

E se eu não for menos? E se eu for igual? E se eu merecer? E se eu for suficiente simplesmente como sou? Como seria eu se em tal conseguisse acreditar? Solta, leve, a flutuar.

Quem te aprisiona, então? Solta as amarras e atreve-te a voar. Sim assusta, dá medo, atemoriza de verdade. Mas, Meu Deus, consegues sentir a liberdade?!

Quem sou eu sem a validação dos outros? Quem seria eu se não estivesse tão dependente de validação externa? Não sei bem, ainda não descobri. Mas é para lá que estou a caminhar.