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Descubra porque A Vida é Bela é o filme que todos os pais deviam ver

Roberto Benigni, nesta obra-prima de incontestável valor, demonstra de forma inequívoca qual o papel dos pais na sociedade: serem amortecedores das expetativas e realidades insensíveis dessa mesma sociedade.

 

A Vida é Bela de Roberto Benigni será para sempre uma obra-prima de referência para o universo do cinema. E o mesmo se passa no mundo da parentalidade.

Este filme italiano, que não deixa ninguém indiferente, constitui uma ode à vida e ao amor incondicional. E apresenta Guido (Roberto Benigni) como um pai que nos ensina o que realmente é estar à altura do que um filho precisa, sejam quais forem as circunstâncias ou contexto.

Porquê? Continue a ler e descubra.

A grande lição de A Vida é Bela para os pais e mães de hoje

Guido e Dora vivem felizes com o seu filho Giosué quando rebenta a II Guerra Mundial. Exatamente no dia de aniversário do pequeno, a família é presa e enviada para um campo de concentração nazi.

A partir daqui Guido começa uma luta por arranjar forças para realizar os trabalhos forçados (pois se não o conseguir o mais certo é ser executado), contactar a esposa de quem foi separado, manter o filho vivo e, mais importante do que tudo, convencê-lo de que tudo aquilo é um jogo complexo em que o prémio final é um tanque de guerra.

Este filme é o exemplo perfeito do que deve ser um pai alpha, segundo Gordon Neufeld, e da sua importância para o desenvolvimento saudável das crianças.

Um pai alpha é um pai emocionalmente seguro. Um pai que mesmo no meio de um dos mais atrozes cenários de guerra consegue proteger o filho do trauma por lhe passar a mensagem que é a resposta, que sabe o que fazer perante tudo o que está a acontecer, que é capaz de os manter seguros (mesmo quando essa segurança é fingida e não real).

Paralelamente apresenta um progenitor que instintivamente sabe que a melhor forma de conseguir a cooperação de uma criança é através do que esta mais valoriza: a brincadeira.

Numa situação real de vida ou morte, Guido consegue que o seu filho atenda a todos os seus pedidos de pai, inclusive o de se manter escondido todo o dia, através da brincadeira.

 

Guido não opta pelo uso da razão, tentando salvar a vida do filho ao explicar-lhe a situação real. O que provavelmente paralisaria de medo o pequeno, tornando muito menos cooperativo e muito mais reativo a impulsos momentâneos, com resultados imprevisíveis. E certamente deixando um trauma para a vida.

Um pai alpha é um pai que instintivamente sabe que:

– Se queremos que um filho coopere temos que apelar ao seu valor mais alto, neste caso a brincadeira.

– O que causa o trauma a uma criança, mesmo numa situação tão atroz como a vida num campo de concentração, é sentir-se desprotegida e à mercê do destino e não a situação concreta em si.

– Um pai que se apresente como um porto seguro, como a resposta para a situação concreta (mesmo quando não sabe realmente o que fazer nem tem quaisquer respostas), como um protetor capaz de manter a segurança e desviando o foco da criança da realidade nua e crua, é tudo o que um filho precisa para ultrapassar uma situação potencialmente traumatizante com verdadeira resiliência.

Num mundo onde a maioria dos pais tem por foco principal preparar os filhos para o futuro, para a vida que os espera, para uma sociedade e cultura muitas vezes demasiado cruéis, este filme vem-nos demonstrar a importância de fazermos exatamente o oposto: proteger os nossos descendentes dessa mesma sociedade e cultura impiedosas, desse futuro que ainda não chegou.

Roberto Benigni, nesta obra-prima de incontestável valor, demonstra de forma inequívoca qual o papel dos pais na sociedade (segundo Gordon Neufeld e muitos outros estudiosos do desenvolvimento humano anteriores a ele): serem amortecedores das expetativas e realidades insensíveis dessa mesma sociedade.

A Vida é Bela deve ser um filme de referência no mundo da parentalidade, porque ilustra de forma brilhante a importância de sermos um porto seguro para os nossos filhos e do papel da brincadeira como proteção contra uma realidade que é demasiado cruel para ser assimilada tal como é, sejam os campos de concentração nazi ou as espectativas da sociedade atual.

 

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